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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014





Quando dói a alma
(Memórias da partida do meu amado filho)
 
 
 



Incrédulo, miro  inerte um corpo de criança
Jazindo sobre o frio metal resfriado pelo
Que sobrara da noite.
E no momento em que a luz  começa a
Definir em seu favor  a batalha contra a escuridão,
O desespero pela perda  se assoma
Num grito desumano que denuncia apenas
Uma fração da dor dilacerante que perpassa
A fraqueza humana.
As lágrimas que embaçam a terrível
Visão da morte  misturam-se ao som
Vociferado em imprecações contra
A desventura iminente.
Na mente, o martelar da imagem
Do momento em que, em meu
Ombro,  desfalece um pedaço de mim.
E ao fundo um clamor cortante
Na  voz da mulher  que vê esvair-se
Parte de suas entranhas, o seu amor
Em forma de menino  desvanece
Como haveria ela desvanecido
Se lhe aspirassem  o último fio de oxigênio.
E para secar as lágrimas, para calar o som da dor....    
...a  ORAÇÃO...,
Foi o que ouvi, quase em sussurro, da mãe que
Prostrara-se  no piso frio e infectado , por onde
Há pouco trêmulos pés acorriam desesperados ...
 
Miguel Cerqueira

 

 

 
 
 
 
 

 

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