Quando dói a alma
(Memórias da partida do meu amado filho)
Incrédulo, miro inerte um corpo de criança
Jazindo sobre o frio metal resfriado pelo
Que sobrara da noite.
E no momento em que a luz começa
a
Definir em seu favor a batalha
contra a escuridão,
O desespero pela perda se assoma
Num grito desumano que denuncia apenas
Uma fração da dor dilacerante que perpassa
A fraqueza humana.
As lágrimas que embaçam a terrível
Visão da morte misturam-se ao
som
Vociferado em imprecações contra
A desventura iminente.
Na mente, o martelar da imagem
Do momento em que, em meu
Ombro, desfalece um pedaço de
mim.
E ao fundo um clamor cortante
Na voz da mulher que vê esvair-se
Parte de suas entranhas, o seu amor
Em forma de menino desvanece
Como haveria ela desvanecido
Se lhe aspirassem o último fio
de oxigênio.
E para secar as lágrimas, para calar o som da dor....
...a ORAÇÃO...,
Foi o que ouvi, quase em sussurro, da mãe que
Prostrara-se no piso frio e
infectado , por onde
Há pouco trêmulos pés acorriam desesperados ...
Miguel Cerqueira
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