

DESIGUALDADE
Um povo de há muito explorado
Vertido da mistura de raças
Que buscando sua força na fé
há convertido sofrimento em graça
Mas ainda como ontem há hoje
Esse povo que sofre e trabalha
A dignidade moída pela indecência
Dos atos de uma política canalha
E os políticos a enriquecerem
Para manter a vaidade
Parece não perceberem
Que fomentam desigualdade
Tem
João com teto de tantos metros
joão sem ter sequer um teto,
João do asfalto, na cobertura,
joão do morro na clausura,
João com terras coisa e tal
joão sem terras, marginal
João por grades protegido,
joão por grades, detido.
João com livros
joão sem ler,
João com tudo
joão sem ter,
João que come
joão com fome,
João doutor e
joão sem nome.
E quando tudo leva à exclusão
O direito que cabe a joão
É o triste e inevitável retorno
Ao úmido ou ressecado torrão
Mas se bem consigo lembrar
Até isso lhe podem usurpar
Pois para funeral e coveiro
joão precisa ter dinheiro
Na vida por faltar trabalho
Na morte lhe cobrem retalhos
E assim larga esse mundão
Tendo sido mais um joão.
Miguel Cerqueira
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