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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Colônia


De um lado pólvora e espadas
Manipulados sem honra ou pudor,
E duas raças a sucumbirem abatidas
Sob a impiedosa mão do horror.
 
A dignidade  arrancada
no tronco  ao zunir do açoite,
E como fugaz esperança
a fugidia escuridão da noite.

Rasga do negro o corpo
O chicote feito navalha.
E um grito  desumano a clamar
por um Deus que  então lhe valha.

E resistiu do verdugo ao ferro,
O bravo negro Nagô,
Que para não sucumbir ao martírio
Esquecera o que outrora sonhou.

Enquanto por mata adentro
Corpo nu e olhos rasgados,
Esgueiravam-se outros povos,
Que igual a fera caçados.

De coisa alguma lhes valera
haver na terra estado primeiro,
Pois que viram nas batalhas  dos brancos
Tombar seu último guerreiro.

Assim num solo sagrado
Por lágrimas e sangue lavado,
Se foram Tapuia e xavantes
Sem terem  vitória logrado.

Da mistura de um tanto de raças
Germina um novo guerreiro,
E com o orgulho a servir-lhe de espada
Repulsa o algoz estrangeiro.
 
Miguel Cerqueira

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