De um lado pólvora e espadas
Manipulados sem honra ou pudor,E duas raças a sucumbirem abatidas
Sob a impiedosa mão do horror.
A dignidade arrancada
no tronco ao zunir do açoite,E como fugaz esperança
a fugidia escuridão da noite.
Rasga do negro o corpo
O chicote feito navalha.E um grito desumano a clamar
por um Deus que então lhe valha.
E resistiu do verdugo ao ferro,
O bravo negro Nagô,Que para não sucumbir ao martírio
Esquecera o que outrora sonhou.
Enquanto por mata adentro
Corpo nu e olhos rasgados, Esgueiravam-se outros povos,
Que igual a fera caçados.
De coisa alguma lhes valera
haver na terra estado primeiro,Pois que viram nas batalhas dos brancos
Tombar seu último guerreiro.
Assim num solo sagrado
Por lágrimas e sangue lavado,Se foram Tapuia e xavantes
Sem terem vitória logrado.
Da mistura de um tanto de raças
Germina um novo guerreiro,E com o orgulho a servir-lhe de espada
Repulsa o algoz estrangeiro.
Miguel Cerqueira
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