Eu não sou daqui, é a certeza que tenho.
Tratam-me como se fosse da “família”,Mas não me sinto assim.
Nada meu é daqui.
Lá me sento à mesa, às vezes na cabeceira,
Basta que eu queira.
Lá, de ter recebido presentes não me lembro,
No entanto, quando estou lá, é abraço que não acaba mais...
Como é bom um abraço de lá!
Aqui tenho roupa e perfume caros.
Mas cafuné, um abraço como os de lá?
Isso aqui até esqueço como é.
Tenho televisão e quarto com banheiro só pra mim, mas é fora da casa, é frio.
Não aquele frio de frieza, é um frio de falta de gente,
Não tem energia que esquente!
Lá, a televisão é pra todo mundo espremido numa sala.
Um banheiro só, pra mais de oito... mas é dentro da casa!
A fila na porta, os de fora escutando a água despencar do chuveiro frio
e se esparramar pelo piso mal acabado... mas quando a gente sai do banho, tem o calor daquela fila!
Lá é bom ... um dia eu volto.
Aqui, sou da “família”, mas somente sirvo.
Lá, sirvo e sou servida, família é assim.
Um dia consigo o que vim buscar, Deus há de permitir... e quando conseguir...
Eu volto!.
Miguel Cerqueira.
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