Alcina
Há um tempo que se vai longe
Retirantes deixavam o sertão
E na lembrança dos que partiam
a morte dos bichos e da plantação.
Nos olhos as lágrimas,
nos pés as marcas de espinhos
no corpo os trapos de chita
e à frente o ermo caminho.
Marchava o grupo cansado
E uma jovem andava ligeiro
Com os passos empoeirados
Tentava chegar primeiro
Não sabia onde nem por onde
Somente queria chegar
Para trás deixar um sofrimento
Mesmo que havendo de um outro encontrar
Mas mesmo que assim fosse,
Diferente haveria de ser
Porque na terra pra onde ia,
Era de longe mais fácil viver.
À jovem o pai dizia,
Havia de ser diferente
Porque na terra pra onde ia
Tinha de rio mais do que tinha gente.
Ainda de tudo o melhor!
Do verde do pasto a beleza
Trabalho não havia de faltar
E o alimento sempre na mesa.
Assim em terra estranha
Chega uma bela e forte menina
Da estrada as marcas no corpo
Do batismo o nome Alcina
Ansiosa pela espera
De que enfim a família se reúna
À sombra do fruto dourado
No seio do chão grapíúna
Depois de um tempo passado
Na lembrança o sertão a esturricar
A realidade de criar a família
Varando noites a costurar.
Assim Alcina venceu
E uma leva de filhos criou
Legando-lhes sabedoria
Até o dia em que a terra deixou.
Viveu Alcina sem vaidade
Amante de uma boa prosa
Na vida não teve maldade
Na morte lhe cobriram as rosas
E em uma partida sem hora
Havendo Deus a levado.
Ainda que a ausência entristeça
Jamais haverá alguém
Que um dia de Alcina se esqueça.
Miguel Cerqueira
(In memorian a querida tia Alcina Matos Primitivo )
Meus Parabéns, continues em frente...tens talento pra coisa.
ResponderExcluirMeus agradecimentos pela homenagem a tia Fantástica que deixou um legado de sabedoria, simplicidade e objetividade.A Fôrça Motriz que movimentou a engrenagem dos Cerqueiras.
Abraços,Humberto